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Pedro Parente pede demissão da presidência da Petrobras

2 de junho de 2018

O executivo sofria pressão por sua política de preços que resultou nos sucessivos aumentos nos combustíveis

O presidente interino será escolhido pelo conselho de administração da estatal | Foto por Antonio Cruz/ Agência Brasil

Em meio à crise política e social no País e às pressões por sua saída, Pedro Parente pediu demissão da presidência da Petrobras na manhã desta sexta-feira 1º. 

Ele sofria grande pressão de políticos e categorias sindicais desde o início da greve dos caminhoneiros, em 21 de maio. A política adotada pela estatal de impor a flutuação internacional dos preços dos combustíveis para o mercado interno foi alvo de críticas e de uma paralisação dos petroleiros na quarta-feira 30. A greve acabou suspensa após o Tribunal Superior do Trabalho declará-la ilegal e impor uma multa diária de 2 milhões de reais.

A Petrobras informou que um presidente interino será escolhido pelo conselho da administração. A estatal afirmou que não haverá mudanças na diretoria. As ações da Petrobras negociadas em Nova York despencaram. Pouco antes do meio-dia, a queda era de 11,55%.

Em carta enviada a Temer, parente afirmou que, diante das críticas da oposição e do governo, o melhor era deixar o cargo. “Diante desse quadro, fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente.”

Ele afirmou ainda que Temer tem sido “impecável na visão de gestão profissional da Petrobras”. Ele elogiou a falta de “interferência política” na estatal durante os dois últimos anos e sugeriu que o presidente mantenha as “regras corporativas” adotadas pela estatal durante sua gestão.

A partir da deflagração da greve dos caminhoneiros, Parente passou a ser pressionado por diversos setores da sociedade. Embora os atos nas rodovias não mirassem o dirigente, o diagnóstico de que a crise de desabastecimento estava relacionada à política de preços da estatal foi compartilhado por nomes das mais variadas correntes políticas e categorias sindicais.

A pressão pela demissão de Parente foi alimentada não apenas por representantes do campo progressista, entre eles o presidenciável Ciro Gomes, do PDT, e Guilherme Boulos, do PSOL, mas também por quadros conservadores como Eunício Oliveira (MDB-CE), presidente do Senado, o senador tucano Cássio Cunha Lima (PB) e a senadora Ana Amélia (PP-RS).

Em visita a Lula nesta quinta-feira 31, Dilma Rousseff relatou ter conversado com o ex-presidente sobre o assunto. Ele está indignado, diz ela, com o “desastre” da política de preços da estatal e da política econômica de Michel Temer.

Temer resistiu às pressões pra demiti-lo em um primeiro momento e o chamou de um técnico de qualidade. Parente também recuou em sua política de preços, ao diminuir o valor do diesel em 10% por 15 dias, e ao passar a adotar correções mensais, e não diárias, na tabela dos combustíveis.

Não é a primeira vez que Parente protagoniza uma crise de desabastecimento no País. O executivo foi responsável por chefiar o chamado “ministério do apagão”, quando FHC criou um grupo de trabalho em 2001 para gerenciar e unificar as ações de racionamento do governo. À época, Parente participou dos debates para mudar o nome da estatal para Petrobrax, com o suposto objetivo de ampliar a presença da marca no cenário internacional.

Parente tem grandes chances de tornar o novo presidente-executivo da BRF, gigante de alimentos resultado da fusão da Sadia e Perdigão. Ele já comanda o conselho de administração da empresa. De acordo com relatos da mídia, integrantes do conselho são simpáticos à ideia.

 

Fonte: Carta Capital