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Parte da verba deve ir para Fórmula 1 | Prefeitura de SP corta R$854 milhões dos corredores de ônibus

14 de junho de 2018
Foto por Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo

Em reportagem divulgada nesta quarta-feira (13/07), a Folha de São Paulo apontou que a gestão Doria/Covas cortou 854 milhões de reais das verbas previstas para criação de novos corredores de ônibus. A prefeitura argumenta que o dinheiro precisa ser usado para outros gastos de custeio da cidade. Mas quando observamos que gastos são estes, o absurdo torna-se ainda maior.

Nesta segunda-feira, o Presidente da Câmara dos Vereadores Milton Leite (DEM), na condição de prefeito interino, assinou a transferência de R$12 milhões da verba dos corredores de ônibus para a readequação do Autódromo de Interlagos por ocasião do Grande Prêmio da Fórmula 1 que ocorrerá no Brasil em novembro. Além do absurdo em si que representa desviar dinheiro das vias por onde passam a população para as pistas por onde passam os carros milionários da F1, é preciso lembrar que a mesma gestão pretende privatizar o referido autódromo.

Ou seja, a prefeitura fará com que a população pague pelo investimento no autódromo para que depois alguma empresa privada ganhe de mão beijada os lucros provenientes desse investimento. Além disso, cabe lembrar que o gasto com publicidade, por exemplo, não sofreu nenhum corte — pelo contrário, cresceu em 6%.

A medida também revela o caráter da reestruturação das linhas de ônibus da cidade proposta pela prefeitura no início deste ano. A proposta que prevê a alteração de 43% das linhas de ônibus preocupou diversos movimentos sociais que lutam pelo direito à cidade já que pretende reduzir drasticamente o número de linhas disponíveis – das atuais 1.336 para 1.187 – e de ônibus circulantes – de 13.603 para 12.667.

O objetivo é tornar o trajeto das linhas mais curtos, forçando o usuário a fazer mais baldeações. A justificativa é que este modelo evita sobreposições de linhas, torna o trânsito mais fluido e, consequentemente, as viagens mais rápidas. Entretanto, para que esse plano pudesse funcionar, sem ainda entrar no mérito de se ele é mesmo o que reivindicamos, seria necessário que os pontos e corredores de ônibus fossem adaptados para garantir a segurança, celeridade e acessibilidade das baldeações. Sem isso, a proposta não passa de um puro e simples corte nos ônibus.

A julgar pelos dados indicados na reportagem da Folha, parece que a intenção da prefeitura é essa mesma. Torna-se explícito, então, aquilo que muitos já indicavam: o plano de reestruturação das linhas de ônibus visa aumentar o lucro dos empresários do transporte por meio da precarização do serviço. Isso seria possível pelo aumento na lotação dos ônibus e no número de baldeações, pois as empresas de ônibus arrecadam a cada vez que a catraca gira (o desconto do bilhete único é um subsídio garantido pela prefeitura), e não pelo número de ônibus oferecidos, trajeto percorrido, etc.

O orçamento da prefeitura deve ser pensado tendo em vista o direito à cidade pela população, e não os lucros dos empresários – sejam os do transporte da população ou dos pilotos de Fórmula 1. Por isso, o mandato da vereadora Sâmia Bonfim (PSOL) deverá acionar o Ministério Público e o Tribunal de Contas para rever este absurdo.

 

Fonte: Mandato da Vereadora Sâmia Bonfim (PSOL)