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Organizadores de Roda Cultural, cinco jovens são assassinados por milícia em Maricá (RJ)

27 de março de 2018

Em memória de Sávio Oliveira, Matheus Bittencourt, Marco Jhonata, Matheus Baraúna e Patrick da Silva Diniz

Cinco jovens foram brutalmente assassinados em Maricá, no Rio de Janeiro. O crime ocorreu no conjunto habitacional federal “Minha Casa, Minha Vida” na madrugada de Domingo (25), por volta das 5h30 da manhã.

A PM confirmou o nome das vítimas e são Patrick da Silva Diniz, Matheus Baraúna (16), Sávio Oliveira (20), Matheus Bittencourt (18) e Marco Jhonata (17).

De acordo com as testemunhas, as vítimas foram surpreendidas por homens armados em uma moto, que se identificaram como sendo da milícia local.

O meu filho deixou amigas em casa e veio cumprimentar alguém. Chegaram dois homens, mandaram eles deitarem no chão, deram um tiro na cabeça de cada um e saíram gritando: ‘Aqui é milícia e vamos voltar’. Uma testemunha viu tudo.” — contou July Mary Silva, 34 anos, mãe de Marco Jonathan, ao Jornal Extra.

O secretário de Direitos Humanos e Participação Popular de Maricá, João Carlos Birigu, confirmou que pelo menos um dos meninos era organizador da Roda Cultural que acontecia no município.

“O Sávio trabalhava em rodas de hip-hop com a gente aqui. Era uma atividade de lazer e conscientização, uma forma de trazer a juventude para a cultura. Eles mesmo articulavam e o objetivo da secretaria era dar suporte.”, afirmou Birigu.

Familiares das vítimas e amigos afirmam que pelo menos três deles eram envolvidos com a roda cultural e que tinham o sonho de viver do hip hop, levando cultura para os que mais necessitavam.

“Eles tinham feito uma página no Facebook. Ele ia ser o professor de passinho e o Sávio, o DJ. Íamos exigir que as crianças tirassem notas boas na escola. O Mateus (outra vítima) também estava nesse projeto. Já tínhamos logomarca, íamos fazer uniforme… estava muito no início”, explicou July, que defendeu o filho. “Eu gostaria de desmentir que meu filho é bandido. Não era. Ele era usuário (de droga), mas estudante, nunca fez mal pra ninguém, nunca roubou. Há três anos, na inauguração do condomínio, ganhou o concurso do passinho. O sonho dele era ser cantor de rap. Todos eles gostavam disso.

Em nota, a Prefeitura Municipal de Maricá se declarou sobre o assunto:

A Prefeitura vê com indignação a ocorrência de qualquer crime na cidade diante dos esforços que vem sendo empreendidos no sentido de melhorar a segurança da população.

No caso do residencial Carlos Marighella, em Itaipuaçu, consideramos a situação inadmissível justamente pelo fato de o município vir atuando muito para levar serviços e cidadania a todos os moradores, uma ação institucional permanente de geração de trabalho e renda. Neste sábado realizada uma importante atividade vinculada ao ensino gratuito para jovens e adolescentes e nos últimos meses escolas e postos de saúde foram agregados aos dois residenciais do Minha Casa, Minha Vida, que são abertos e funcionam como qualquer outro bairro da cidade.

A prefeitura decretou luto oficial de três dias, está acompanhando as investigações e cobrará providências para que o caso seja esclarecido rapidamente pelas autoridades policiais. Vamos também redobrar os esforços em termos de ações sociais que melhorem a vida de todos os que ali foram residir”.

 

Na tarde da segunda-feira (26), foi realizado um ato, na Praça Central, em Maricá, em prol da memória dos 5 meninos executados.

 

Por Andressa Vasconcelos

Fonte: Portal Rap +