“Macri, la p*** que te parió” é o hit das arquibancadas na Argentina em 2018
Fonte: Sem Firulas
Por Gabriel Castanho S. Oliveira
Un poco de fútbol y política para degustación
Existem os que acreditam que futebol e política não se misturam. Assim como aqueles que dizem ser o futebol apenas um jogo. Seja por ignorância, interesses escusos ou pura canalhice, fato é que não se pode calar as arquibancadas e o grito das torcidas. Muito menos ignorar sintomas.
Mauricio Macri foi eleito presidente da Argentina em 2015, entre otras cositas, acreditando que o futebol é um jogo político. Capitalizou parte de seu prestígio através do discurso de “passado exitoso” como presidente de um dos clubes mais populares do país, o Boca Juniors. Era corriqueiro escutar de torcedores e eleitores de Macri: “Se ele foi tão bem como presidente do Boca, vai fazer o mesmo pelo país.”
O que não se esperava é que das arquibancadas viesse o coro que vem gerando incômodo ao governo: É o canto proferido por diferentes torcidas contra o governo Macri, que ressoou nas últimas semanas em jogos do River Plate, San Lorenzo, Estudiantes e Independiente, além de Racing x Cruzeiro, pela Libertadores, em jogo também na Argentina:
Mauricio Macri, la puta que te parió! Mauricio Macri, la puta que te parió!
É considerado por alguns o “hit do verão” das arquibancadas do país vizinho.
E existe lugar melhor que uma cancha de futebol para manifestações populares? É certo que Macri não é o primeiro a ser “homenageado” por torcidas na Argentina, até mesmo em períodos de governos militares ocorreram insultos dessa natureza. Mas o carinho às avessas pelo presidente não para de crescer.
Pode-se interpretar que a ligação de Macri com Chiqui Tapia (Presidente da complicada e controversa AFA — Federação Argentina de Futebol), e o convite para que o técnico do Boca, Guillermo Schelotto, visitasse a Casa Rosada (sede do governo argentino), formem parte da insatisfação dos torcedores. Assim como a informação (não oficial) de que os torcedores xeneizes (do Boca) serão os barra bravas representantes da torcida argentina na Copa do Mundo da Rússia. Mas será só isso?
As medidas impopulares adotadas pelo governo Macri, somadas ao mal estar econômico vivido pelo país e à privatização das transmissões de futebol, também podem ser apontadas como parte do contexto de insatisfação geral, que por fim acabam gerando as manifestações nos estádios.
Nas veias abertas da América Latina, os sintomas não podem ser ignorados. Muito menos as arquibancadas. A pergunta que fica é: imaginem se o exemplo pega em outros países da região? Tem ex-apresentador esportivo que ficaria em posição fetal.