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Leonardo Sakamoto: Temer tira recursos da Educação em nome da Segurança. Ache o erro da frase

21 de junho de 2018
Michel Temer participa da abertura da Expozebu | Foto por Joel Silva/Folhapress

O governo Temer vai retirar quase R$ 1 bilhão da educação para financiar a área de segurança pública. Mais especificamente do financiamento estudantil para o ensino superior (Fies), o que foi decidido via Medida Provisória. O que é uma loucura.

“Quanto mais você gasta em educação, menos precisará gastar em segurança pública. Como disse Darcy Ribeiro, se não construirmos escolas, em 20 anos, faltará dinheiro para construir presídios”

Bora desenhar:

1) O objetivo da segurança pública é prevenir e combater a violência.

2) Entre as causas da violência estão a falta de perspectivas e de oportunidades entre os jovens, aliada a uma gigantesca vulnerabilidade social e uma desigualdade crônica na efetivação de direitos.

3) A educação é reconhecida como um dos principais instrumentos para trazer perspectivas e oportunidades aos jovens, corrigir a vulnerabilidade social e reduzir a desigualdade na efetivação de direitos.

Ou seja, a qualidade da segurança pública de um país está diretamente relacionada à da educação que oferece à população. Quanto mais você gasta em educação, menos precisará gastar em segurança pública. Como disse o antropólogo, escritor, educador e político Darcy Ribeiro, na década de 80, se não construirmos escolas, em 20 anos, faltará dinheiro para construir presídios.

“Os cortes também vão atingir os ministérios da Cultura e do Esporte e o financiamento de instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae)”

Apesar dessa relação estar largamente comprovada a ponto de nortear as políticas de segurança pública de uma série de democracias, parece que o governo Temer quer coloca-la à prova.

E não quer apenas pagar para ver, mas está aumentando a aposta. Os cortes, que reduzem consideravelmente recursos das loterias federais, também vão atingir os ministérios da Cultura e do Esporte e o financiamento de instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

O que não faz sentido algum uma vez que a promoção da cultura e do esporte entre jovens e crianças é fundamental para reduzir sua vulnerabilidade.

Reportagem de Angela Boldrini, da Folha de S.Paulo, desta quinta (21), afirma que, dos recursos de loterias que ajudam a compor o orçamento da educação, serão destinados não mais uma fatia da arrecadação, mas os prêmios que não forem buscados pelos ganhadores e caducarem.

O financiamento público do ensino superior beneficia, principalmente, os filhos das famílias mais pobres – uma vez que os filhos das mais ricas tendem a ficar com as melhores vagas das universidade públicas porque tiveram recursos para se prepararem para os vestibulares.

Tudo isso ajuda a explicar por que 62% dos jovens, entre 16 e 24 anos, do país desejam se mudar para outro lugar, segundo pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (17).

Claro que é importante conseguir recursos para garantir estrutura, remuneração, formacão e inteligência às forças de segurança. Mas não dessas áreas, nunca dessas áreas.

O bom de ser um governo com 3% de aprovação e 82% de desaprovação (novamente, Datafolha) em reta final de mandato é que você não precisa se preocupar em tentar explicar sua lógica para a sociedade.

 

Por Leonardo Sakamoto

Fonte: Blog do Sakamoto | UOL