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Em um mês, o equivalente a 5 mil campos de futebol foram desmatados na Bacia do Xingu

3 de maio de 2018

Destruição da floresta é resultado da abertura de áreas para garimpo, exploração agropecuária e grilagem de terras

A TI Ituna Itatá foi uma das mais desmatadas neste ano por conta da grilagem de terras|Juan Doblas-ISA | Foto por Juan Doblas/ISA

Dividida entre os estados do Mato Grosso e o Pará, os padrões de desmatamento da Bacia do Xingu são distintos mas seguem a mesma tendência: polígonos menores na porção paraense, indicando incidência de garimpo e grilagem, e polígonos maiores no Mato Grosso, fruto da monocultura agropecuária.

A destruição de florestas no interior das áreas protegidas preocupa. No Pará, 86% do desmatamento aconteceu nessas regiões: dos 1.609 hectares derrubados no período, 492 foram em Terras Indígenas e 900 em Unidades de Conservação. “Esses números indicam a tendência do desmatamento de penetrar nessas áreas face ao esgotamento dos recursos nas demais regiões”, alerta Juan Doblas, assessor do ISA.

Os dados foram detectados pelo Sirad X, o novo sistema de monitoramento de desmatamento do ISA.

Campeã de desmatamento

A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, foi a área protegida mais desmatada no período. Ao todo, foram 900 hectares destruídos em março para abertura de pasto para pecuária, que se somam aos mais de 550 detectados em janeiro e fevereiro. O município de São Félix do Xingu, onde a UC incide, tem o maior rebanho bovino do Brasil e a APA constitui uma enorme reserva de recursos. A região possui o triste registro de ser a Unidade de Conservação mais desmatada no Brasil nos últimos anos.

A APA vem sendo desmatada de forma cada vez mais intensa – em sintonia com o aumento das exportações brasileiras de carne e o fortalecimento das grandes cadeias de frigoríficos. O maior polígono desmatado detectado em março, de mais de 800 hectares, indica um investimento mínimo de R$1 milhão só para realizar a derrubada da floresta.

Biodiversidade da APA Triunfo do Xingu, Unidade de Conservação mais desmatada no Brasil, está em risco | Foto por Juan Doblas/ISA

A área, no entanto, não possui zoneamento nem plano de manejo. As operações de fiscalização, apesar de serem pontualmente efetivas, não conseguem estancar o desmatamento que vem crescendo de forma assustadora.

Terras Indígenas em perigo

Garimpo no limite nordeste da TI Kayapo | Foto por Juan Doblas/ISA

Foi registrado um grande desmatamento no interior da Terra Indígena Trincheira-Bacajá, do povo Mebengokre Kayapo. Foram mais de 350 hectares, abertos por um grupo vindo do município de Pacajá, no Pará. “É especialmente preocupante pois revela a enorme sensação de impunidade em relação ao crime ambiental na região”, atenta Doblas.

É igualmente preocupante a extensão das áreas de garimpo na TI Kayapó [Saiba mais]. Os garimpeiros não mostram sinais de recuo e estão atingindo novas áreas, contaminando rios e colocando a saúde da população indígena em perigo. Em março, foram detectadas mais 34 áreas novas áreas de garimpo. A elevada cotação do ouro no mercado internacional sustenta essa atividade de forte risco e que implica em enormes prejuízos ambientais.

 

Por Isabel Harari

Fonte: Instituto Socioambiental