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Guilherme Boulos discute conceito da Campanha Movimento com assessores de Bernie Sanders

28 de agosto de 2018

Mobilização social e ativismo são as armas da nova esquerda nas campanhas eleitorais

Boulos e assessores de Bernie Sanders participam de evento em São Paulo | Foto por Mídia Ninja

A Casa do Baixo Augusta, na região central de São Paulo, foi palco de uma discussão de alto nível na noite desta segunda-feira (27/08): Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST e candidato à Presidência da República pelo PSOL, recebeu Arturo Carmona e Armando Carmona para um debate sobre o conceito da Campanha Movimento – a união de diversos atores sociais para a realização de uma nova experiência de ativismo eleitoral, focado em mobilização, engajamento e discussão de ideias, e não no poder econômico.

Em 2016 Arturo e Armando participaram, nos Estados Unidos, da pré-campanha presidencial do senador socialista Bernie Sanders, que enfrentou a máquina do Partido Democrata nas prévias para a eleição presidencial e quase conseguiu desbancar a candidata dos banqueiros, Hillary Clinton. No fim, a escolha da máquina democrata por Hillary Clinton mostrou-se fatal aos progressistas, já que ela acabou derrotada pelo extremista de direita Donald Trump, do Partido Republicano.

Participaram da roda de conversa representantes de diversos movimentos sociais, entre eles integrantes das brigadas do MTST e de grupos de ação da campanha Boulos e Sonia Guajajara.

Esperança no Brasil

Arturo Carmona se disse esperançoso com novas lideranças de esquerda do Brasil | Foto por Mídia Ninja

Arturo Carmona, vice-diretor político de Bernie Sanders, também participou da vitoriosa campanha presidencial de Andrés Manuel López Obrador, que em 2018 se tornou o primeiro candidato de esquerda a conquistar a presidência no México. Em sua visita ao Brasil, Arturo se disse inspirado por líderes jovens como Guilherme Boulos, que lhe dão “muita esperança, a curto e longo prazo, para a esquerda no país.”

Ele explicou que a campanha de Bernie Sanders começou pequena, sendo ignorada pelos grandes grupos de comunicação. Por este motivo, coube aos apoiadores do senador que defende o combate à desigualdade econômica e social priorizar outras formas de comunicação, mais horizontais. “O contato humano é uma força que não pode ser parada. Criamos centros de apoiadores pelo país, com milhares de pessoas fazendo eventos em suas casas. Foi um movimento multiplicador que ensina muito para as campanhas de esquerda, que não têm acesso ao grande capital.”

Para Arturo Carmona, contra a força do dinheiro da direita, cabe à esquerda se organizar.

“A principal arma que nós temos é a verdade, pois estamos lutando por justiça social. E essa é uma arma muito poderosa. A direita e as grandes corporações não podem derrotar um país inteiro quando todos nos unimos e participamos da luta.”

Lutas compartilhadas

Armando Carmona falou sobre as lutas compartilhadas do povo latino americano | Foto por Mídia Ninja

Filho de imigrantes mexicanos, Armando Carmona nasceu nos Estados Unidos e chegou a morar por mais de um ano no Brasil. Ele viajou pela América Latina, se conectando com diferentes movimentos sociais, e desta experiência aprendeu que as demandas populares de todo o continente são comuns. “Nós compartilhamos as mesmas lutas, como contra a falta de Saúde e Educação, a concentração de terra, a violência e a brutalidade policial. Por isso é muito importante que a gente não abandone a esperança de mudança. Não uma esperança abstrata, mas uma esperança baseada no trabalho e na luta.”

Armando acredita que a chave do sucesso para as campanhas de esquerda é o contato direto com a população, olho no olho. “Organização é estar em contato com as pessoas”, avalia. Ele explicou que quando Bernie Sanders apresentou sua candidatura falou apenas por dez minutos, mas lançou o desafio de seus apoiadores ajudarem a organizar as pessoas.

“Nos últimos dez anos vimos o surgimento de movimentos sociais nos Estados Unidos, como o Occupy Wall Street (em combate ao mercado financeiro) e o Black Lives Matter (contra a violência policial que atinge a população negra), que estão ajudando a mudar a narrativa progressista. Estamos aprendendo a trabalhar juntos”, destacou.

Para concluir, Armando Carmona destacou a necessidade de engajamento da esquerda na defesa de suas bandeiras de justiça social, mesmo quando a contribuição que cada pessoa pode dar não pareça inicialmente expressiva.

“Atos individuais e pequenos também são muito importantes. Uma pessoa pode achar que é pouco se registrar para votar, ou reunir dez pessoas numa reunião, mas se todos estamos fazendo isso, é uma multidão. Isso é parte desta organização política distribuída que vocês estão fortalecendo e que é extremamente importante.”

Boulos: Campanha sem negociar princípios

Guilherme Boulos falou sobre inspiração para a campanha eleitoral

Guilherme Boulos afirmou que as experiências relatadas por Arturo e Armando Carmona “reforçam a nossa convicção de que podemos fazer campanha eleitoral sem negociar princípios”. Para o coordenador nacional do MTST, a campanha de Bernie Sanders nos Estados Unidos serve de inspiração e alternativa para a esquerda no Brasil.

Foram destacados por Boulos quatro pontos principais de sua Campanha Movimento à Presidência da República, que a diferenciam inclusive de outras campanhas já promovidas pela esquerda no Brasil. O primeiro é como a candidatura foi formada, não como uma coligação de partidos, mas como uma aliança de diversos movimentos sociais como MTST, APIB e Mídia Ninja com o PSOL e o PCB. “Neste momento difícil para o Brasil, com golpes contra a democracia e os diretos da população, era preciso aos movimentos dar um passo além e participar da disputa política.”

O segundo ponto destacado por Guilherme foi a criação de grupos de ação – já são mais de 400 no país, inspirados nas experiências de candidaturas de esquerda em países como França, Chile e Estados Unidos. “Os grupos de ação permitem que os apoiadores de nossa candidatura se organizem de diversas formas, seja por região ou por tema de interesse. As pessoas podem criar ou participar de grupos já formados em seu bairro, em uma escola, faculdade, lugar de trabalho. Desta forma são formados grupos de whatsapp para que os apoiadores se conectem pela rede e realizem trabalho real”. Conheça detalhes sobre os grupos de ação neste link.

Boulos em evento com assessores de Bernie Sanders | Foto por Mídia Ninja

Outra novidade da campanha presidencial de Boulos e Sonia foi a construção democrática e horizontal do programa de governo. “Nós fomos debater programa em praça. Nós reunimos Sem Teto, indígenas, trabalhadores, gente do movimento negro, do movimento feminista, lideranças políticas, religiosas, intelectuais, artistas, gente da cultura. Nós reunimos uma incrível diversidade para sentar junto e discutir programa. Nesse primeiro momento isso formou a Plataforma Vamos e deu o subsídio para a aliança que se formou depois. Agora, mais recentemente, num novo ciclo de três meses, formamos 18 grupos de trabalho que formaram os eixos programáticos da nossa candidatura. Isso, sem dúvida alguma, resultou no programa mais completo destas eleições”. Acesse o programa de Boulos e Sonia neste link.

Por fim, Guilherme Boulos falou sobre as brigadas digitais de sua campanha, que têm o importante papel de travar o debate de ideias nas muitas vezes tóxicas redes sociais. Ele explicou que diante da ação de setores da direita em ferramentas como o Twitter e o Facebook, os grupos de ação organizados de sua campanha fazem o necessário contraponto, além de produzir materiais audiovisuais e de design.

Armando Carmona, Guilherme Boulos e Arturo Carmona | Foto por Mídia Ninja

“Mesmo nestes tempos difíceis estamos mostrando que é possível fazer uma campanha que não seja só de resistência, mas de esperança para um projeto de futuro. Nós não temos rabo preso com empreiteiros, com banqueiros, com o agronegócio. A gente não troca princípios por votos, por isso somos a única candidatura que pode se posicionar a favor do aborto, contra a guerra às drogas e o genocídio da população negra; a favor do direito à diversidade. Podemos dizer que esse sistema político está falido porque não queremos fazer composições com essa turma que está aí. Nossa campanha planta sementes não para uma eleição, mas para uma geração”, concluiu Boulos.

Participe da campanha de Guilherme Boulos e Sonia Guajajara. Para saber como, acesse o site Vamos com Boulos e Sonia.

Guilherme Boulos em Brasília é o povo no Poder!

VAMOS! Sem medo de mudar o Brasil!