MTST E A RESISTÊNCIA POR LULA LIVRE | Ferida aberta na Democracia brasileira não será silenciada
O fim da tarde de quinta-feira, 5 de abril, marcou mais uma face nefasta do vilipêndio que nossa democracia vem sofrendo. A rapidez do mandado de prisão contra o ex-presidente Lula, expedido por Moro, reforça o quanto sua condenação é política e ausente de provas. Foram 19 minutos para que o juiz paranaense já determinasse um prazo para a apresentação de Lula à Polícia Federal: até às 17 horas da sexta-feira.
A partir daquele momento, a Ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo, e depois seguidas de militantes de outras ocupações do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, MTST, já organizasse uma marcha até o sindicato dos Metalúrgicos do ABC, local onde o ex-presidente fez de base de resistência.
A Ocupação seguiu pelas ruas de São Bernardo empunhando braços e com cantos que demonstrassem o quanto estavam na luta por Lula Livre. A chegada emocionante da ocupação trouxe consigo cerca de três mil acampados e acampadas que já montaram uma cozinha comunitária e base para seguir o quanto fosse possível na resistência democrática.
As ruas ao entorno do sindicato foram fechadas visto que estavam tomadas de manifestantes. A velha imprensa, não conseguindo acesso, sobrevoava com helicópteros a região, o que trazia um barulho que se alongava pela madrugada.
Diversas personalidades políticas, culturais e movimentos sociais de esquerda foram chegando e um grande ato em apoio foi realizado.
O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, em sua fala, ressaltou o quanto é preciso estar do lado certo da História e, neste momento, é resistir pela Liberdade de Lula e pela Democracia.
Até sábado, o que se seguiu foi uma vigília de inúmeros trabalhadores e trabalhadoras que se revezavam na expectativa se Lula se entregaria ou não.Muitos dormiam pelo sindicato, outros na área externa e sempre acompanhados pelos helicópteros da grande mídia que se mostrava cada vez mais alinhada com ideais que rasgaram a Constituição do Brasil e visam apenas objetivos pessoais e obscuros. Apesar de todo o cansaço, era perceptível a coragem de cada um que se dispôs a ser solidário com ex-presidente.
No sábado, 7 de abril, final da manhã, houve a missa em memória do aniversário de D. Marisa Letícia onde Dom Angélico, acompanhado de.outros religiosos e, inclusive, artistas entoaram músicas escolhidas por Lula como homenagem a sua companheira de uma vida de lutas e para fortalecer as milhares de pessoas que acompanharam o ato sob calor intenso e muita comoção, o que gerou alguns casos que necessitaram de atendimento médico.
O momento mais esperado, o discurso de Lula, contou o quanto, durante uma negociação em sua trajetória de líder e presidente sindical, foi injustiçado pelas decisões que tomou mas, anos depois, reconheceram ter sido o mais sensato a ser feito. Essa fala já indicavam que o presidente se entregaria, mas não sem antes afirmar:
“Fui condenado por ser um construtor de sonhos“.
Lula reforçou sua inocência e pediu que cada um se tornasse sua voz enquanto estiver preso. Frisou que podem prender um homem, mas jamais a esquerda, porque lutamos por justiça e igualdade social.
O ex-presidente ainda destacou a importância das candidaturas de esquerda como Manuela D’Ávila, PCdoB, e Guilherme Boulos, PSOL, dando as mãos para ambos. Lula ainda pediu que muitas mais ocupações aconteçam e isso demonstrou seu carinho e respeito pela luta da ocupação de São Bernardo, a Povo Sem Medo.
De maneira impossível conter as lágrimas, Lula foi carregado por militantes do MTST até o sindicato dos metalúrgicos, repetindo a cena de 1984, e uma multidão de milhares de pessoas o acompanhou.
Mesmo tendo um mal estar repentino, Lula foi atendido rapidamente e em seguida estava, na janela, acenando e agradecendo todo apoio e a certeza que a luta não acaba… Ela apenas começou.
Conforme dito por Dom Angélico: Não foi um ato partidário, foi uma celebração e que o amor fraterno vencerá o ódio.
Todo o MTST reafirma a luta,a resistência e seguirá firme por Lula Livre e desta forma, a injustiça e o ódio de classes sejam extirpados. A ferida aberta não seja silenciada!