VAMOS: Pela Democratização e a construção de uma Educação Popular
Por Brigada de Comunicação
Durante a noite de 25 de outubro, o auditório da APEOESP, na região da República, centro de São Paulo, foi o local de encontro para o debate e construção de propostas para a Democratização da Educação, promovido pelo “VAMOS”. Estiveram presentes Bebel Noronha, presidente da APEOESP, Leonardo, da UFRJ e representando a União Nacional dos Estudantes (UNE), Maurício Costa, Rede EMANCIPA de cursinhos populares – promovidos pelo PSOL – e o Pastor Ariovaldo Ramos, da Frente de Evangélicos pela Democracia.
Bebel Noronha, de forma didática, presentou o desmonte causado na Educação devido à emenda constitucional que congelará por 20 anos, a partir de 2018, os investimentos em diversos setores da sociedade e, dentre eles, a Educação. Ressaltou a precarização das escolas públicas, o silenciamento causado pelo “Escola Sem Partido” somado à desastrosa reforma do Ensino Médio e, assim, o quanto o governo ilegítimo acentua o abismo social e, sobretudo, a diferenciação de uma escola para ricos e outra, para pobres.
Finalizou suas palavras apresentando propostas de luta para o cancelamento da desastrosa emenda constitucional, para que o piso salarial dos professores seja respeitado e que os royalties do Pré-Sal sejam novamente destinados para a Educação.
Em seguida, o representante da UNE, Leonardo, reforçou as palavras apresentadas pela presidente da APEOESP e apontou o quanto a União Nacional dos Estudantes tem incentivado que as pessoas estejam nas ruas pela luta e garantia da retomada de seus direitos sociais. Apontou o diálogo feito nas universidades para que o ensino superior se democratize, destacando o papel das cotas nesse sentido e que projetos para a manutenção/subsídio dos alunos de camadas mais populares seja efetiva.
Leonardo também reforçou que é necessário um diálogo com as universidades particulares, sejam realmente regulamentadas normas contra os chamados “Tubarões do ensino” que visam apenas o lucro e não uma educação universitária para todos e todas.
O representante da Rede EMANCIPA, Maurício Costa, falou de forma inflamada e contundente sobre a importância de uma Educação Popular e construída pela própria periferia. Explicou a origem da rede e o quanto tem sido importante na luta não penas pela inserção dos jovens da periferia no ensino superior, mas por uma tomada de conscientização uma vez que após a “catraca” do vestibular, ainda há de se vencer as dificuldades diárias e um ensino/instituição que se mostra elitista e pouco inclusiva.
Abordou o problema do analfabetismo no país e o quanto a Educação Popular, desde a alfabetização de jovens e adultos, chegando até a universidade, precisa de apoio e força, ainda mais em momento de silenciamento de professores, perseguições e disseminação de arbitrariedades e inverdades por movimentos neoliberais e fascistas. Destacou a força dos profissionais da Educação, que lutam para que o debate e criticidade sejam preservadas como direito pleno dos cidadãos de todos os espaços da sociedade.
Finalizando as exposições da mesa, o Pastor Ariovaldo Ramos, da Frente de Evangélicos pela Democracia, ressaltou, com profundo respeito, o olhar que os acadêmicos precisam ter com a periferia. É de extrema importância esse debate e, portanto, que seja feito principalmente na periferia.
Desta forma, frisou o quanto é preciso escutar as demandas da população periférica que rompem estruturas perversas de segregação com muita solidariedade e partilha, e nada mais justo do que sejam eles próprios a construírem sua plataforma de Educação Popular e tenham seus objetivos ouvidos e atendidos.
Criticou parlamentares que usam o ideal cristão para atender interesses pessoais, não praticando verdadeiramente séria essa filosofia e ainda causando o silenciamento de outros grupos da sociedade. Defendeu a laicidade do Estado e que todos tenham direito à palavra e. principalmente, ao respeito.
Terminou sua fala dizendo sobre a importância da fala de todos e que é preciso vencer o analfabetismo funcional que se mostra uma corrente de atraso para construção de uma sociedade crítica e plena para todos os seres humanos.
Em seguida foi aberta a palavra livre onde representantes de movimentos sociais, como Núcleo Dandara de Educação Popular, Coletivos, dentre outros, abordaram a importância da voz da periferia nesse processo, a luta contra o silenciamento dos debates nas escolas, as críticas perversas e inverídicas sobre o legado de Paulo Freire e ressaltando o quanto são importante espaços para que todos e todas sejam ouvidos plenamente.
O evento sobre a Democratização da Educação foi encerrado com a certeza que há muito a se caminhar, mas, como nos versos de Thiago de Melo, “Faz escuro, mas eu canto porque a manhã há de chegar”!
Vamos juntos!