Operação da polícia e Exército deixa seis mortos e um adolescente ferido na Maré (RJ)
De acordo com relatos de moradores, a operação começou por volta de 9h30 e se estendeu até 13h
Seis pessoas foram mortas e um adolescente foi ferido na manhã desta quarta-feira (20) durante uma operação da Polícia Civil e do Exército no Complexo da Maré, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. As vítimas são todos homens e tinham entre 20 e 30 anos. Já o adolescente, de 14 anos, foi baleado na barriga. Segundo informações da Secretaria estadual de Saúde, o estado de saúde do jovem é grave.
“As crianças já estavam na escola, as pessoas no trabalho, quando o helicóptero começou a atirar de cima para baixo nas escolas; nas casas, nas ruas, tem vários carros metralhados e pessoas feridas”
De acordo com relatos de moradores, a operação começou por volta de 9h30 e se estendeu até 13h. A comunidade ficou sob intenso tiroteio neste período. “As crianças já estavam na escola, as pessoas no trabalho, quando o helicóptero começou a atirar de cima para baixo nas escolas, nas casas, nas ruas, tem vários carros metralhados e pessoas feridas. Não sabemos o número certo de feridos, mas sabemos que foram muitas.Teve também tanques de guerra e caveirão. Foi uma grande operação”, contou a moradora Gizele Martins.
A operação foi uma ação conjunta da Polícia Civil e o Exército brasileiro. Procurada pelo Brasil de Fato, a assessoria de comunicação do Comando Conjunto das Operações em Apoio ao Plano Nacional de Segurança Pública informou que a operação foi comandada pela Polícia Civil e que a instituição está respondendo por ela.
Em nota, o Comando Militar do Leste, disse que o “Exército apoia a operação da Polícia Civil logisticamente com dois veículos blindados, realizando o transporte em segurança dos agentes até os pontos assinalados por eles, como parte da operação”. A instituição não divulgou informações sobre o objetivo da ação.
“O que aconteceu hoje na Maré é uma chacina e é inadmissível. O genocídio da população pobre só aumenta. É um absurdo que crimes como esse continuem sem resposta do estado”
Para Gizele, que também integra a Comissão Popular da Verdade (CPV), criada com o objetivo acompanhar de perto e denunciar as violações aos direitos humanos cometidas pelo Exército durante a atual intervenção militar no Rio, esse tipo de operação não para de crescer nas favelas e nas periferias do estado.
“O que aconteceu hoje na Maré é uma chacina e é inadmissível. O genocídio da população pobre só aumenta. É um absurdo que crimes como esse continuem sem resposta do estado em relação a cada um desses casos. Hoje foi na Maré, mas nos outros dias é nas outras favelas, nos perguntamos por quê? Somos nós que estamos sofrendo com a intervenção. Não queremos que isso continue, queremos que isso pare”, afirmou.
Por Mariana Pitasse, com informações da Agência Brasil
Fonte: Brasil de Fato