O Dia Mundial da Segurança Alimentar num país assolado pela fome
O geógrafo e pesquisador Josué de Castro afirmou em 1946 que “a fome é uma realidade demasiado gritante e extensa para ser tapada com uma peneira aos olhos” e, quase 80 anos depois, vivemos hoje uma realidade que escancara o cotidiano de mais de 20 milhões de brasileiros e brasileiras: a vulnerabilidade e invisibilidade social provocadas pela miséria e insegurança alimentar.
Neste mês de junho, temos o Dia Mundial da Segurança Alimentar e, em contrapartida, o Brasil vive uma grave crise humanitária desde o início da pandemia, em 2020. Somado a isso há o agravamento econômico, gerado pelo desemprego e pela renovação de um auxílio emergencial que não garante a alimentação de uma família durante um mês.
Sob esse cenário, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto reforça não apenas a luta da classe trabalhadora por moradia, mas igualmente pela garantia do direito à alimentação que vem sendo negado, principalmente, para as populações periféricas. Assim, as Cozinhas Solidárias se fortalecem como espaço de alimentação básica, e também de acolhimento, afeto e de uma construção social em que é possível, sim, resistir e transformar a sociedade por meio do poder popular.
As 26 Cozinhas Solidárias do MTST fazem ecoar o debate sobre a importância da segurança alimentar de nosso povo, ainda mais em tempos de pandemia, do direito a uma alimentação rica em nutrientes para todas as famílias, bem como incentiva o projeto de cultivo de hortas urbanas comunitárias, principalmente nas periferias, que possam auxiliar o fornecimento de alimentos para as cozinhas e comunidades próximas.
Mesmo vivendo num país assolado pela dor e pelo luto de quase meio milhão de vidas perdidas para a covid-19, ações concretas de solidariedade como as Cozinhas Comunitárias e o combate à miséria, para além de dados numéricos, multiplicam incontáveis momentos de fé na luta, na vida das pessoas e na certeza de que o poder popular vencerá a invisibilidade perante um governo que despreza seu povo e, assim, que nenhum trabalhador, nenhuma trabalhadora e suas famílias vivam mais sob o punho cruel e real do fantasma da fome.
*Contribua* com as cozinhas solidárias do MTST
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