Guilherme Boulos: Chega de privilégios e desigualdades
Os dois anos de desmandos do governo ilegítimo de Michel Temer jogaram o País numa profunda crise econômica, social e também de falta de esperança. Mexeu no direito dos trabalhadores, congelou os investimentos em educação e saúde e o resultado é um Brasil com quase 14 milhões de desempregados, a volta de doenças que já eram ameaças do passado e o aumento da mortalidade infantil. Somos hoje um País que deixou de acreditar na política e nos políticos e cujo sentimento maior é o abandono à própria sorte.
É essa realidade que temos de mudar. E faremos isso combatendo os privilégios que só agravam nossas profundas desigualdades sociais e econômicas. Não dá mais para ser o Brasil que tolera que 6 bilionários tenham riqueza igual a 100 milhões de brasileiros.
Para mudar essa realidade, o primeiro passo é a gente voltar a acreditar na política como o caminho da mudança. Mas não a politicagem, como se fez nos últimos 30 anos neste sistema político.
Nós defendemos uma democracia em que o povo participe das decisões mais importantes, aproximando o poder das pessoas. Vamos refundar a democracia brasileira.
É por isso que propomos um novo jeito de fazer política e não apenas uma reforma. Um jeito de governar que dê ao cidadão voz ativa por meio de plebiscitos, referendos e conselhos populares. É o povo quem irá decidir aquilo que afeta a sua vida. Como primeira medida, vamos propor um referendo popular para desfazer todas as medidas desastrosas de Michel Temer, revertendo a reforma trabalhista e acabando com o congelamento dos gastos em saúde e educação.
Também vamos combater os privilégios. Não é possível que juízes, que ganham mais de 30 mil reais por mês, recebam auxílio-moradia e ainda queiram ganhar mais e mais. Ou ainda que grandes empresários recebam isenções fiscais e perdão de dívidas sem gerar novos empregos. Que os bancos mandem no País e imponham uma sangria de dinheiro público por juros astronômicos da dívida.
A partir de uma reforma tributária progressiva, vamos cobrar impostos sobre lucros e dividendos, taxar grandes fortunas e heranças e fazer com que os donos de jatinhos e helicópteros também paguem imposto. Por que um carro paga IPVA e um jatinho não?
Só faremos o Brasil ser das maiorias se o governo cumprir seu papel de investir no social e na geração de emprego. No social, conseguiremos isso ampliando programas existentes, mas também investindo em mais creches, escolas em tempo integral, universidades públicas, saúde preventiva e hospitais de qualidade, além de uma política de segurança pública que pare de matar e prender os jovens e negros nas periferias. Para gerar mais empregos e renda, vamos criar um amplo programa de apoio à agricultura familiar, a partir de uma reforma agrária, garantir os direitos dos trabalhadores e condições ao pequeno e médio empreendedor, que hoje só se depara com burocracia e juros altos. Vamos reaquecer a economia investindo em grandes obras públicas de infraestrutura e serviços públicos para o povo.
Não falta dinheiro. Falta disposição de tomar lado e enfrentar grandes interesses. O Brasil é uma das maiores economias do mundo, mas sua riqueza hoje é drenada para pagar juros de dívida, deixando os banqueiros ainda mais ricos, ou manter os privilégios de uma minoria. É hora de dar um basta. É hora de mudar, trazendo o povo para a política e construindo um projeto não apenas para uma eleição, mas para uma geração.
Por Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST e pré-candidato à Presidência do Brasil pela aliança entre PSOL, PCB e Movimentos Sociais
Fonte: O Povo