Cozinhas comunitárias do MTST: solidariedade, alimentação e resistência durante a pandemia
A pandemia de Covid-19 escancarou muitas falhas em nossa estrutura social e o despreparo de muitos governantes se mostra ainda mais evidente não apenas ao combater o vírus, mas também a respeito de muitos problemas que surgiram durante a quarentena. A crise provocada pelo Coronavírus e a falta de projetos sociais por parte do governo fez com que, só em Uberlândia, Minas Gerais, o número de pessoas no nível da extrema pobreza dobrasse.
Antes da pandemia, o número de pessoas nessa situação era de 40 mil, agora já são de 80 mil — algo em torno de 10 mil famílias na extrema pobreza. “Estamos falando de famílias que antes sobreviviam a partir de trabalhos precários como catadores de material reciclado, serviços em construção civil ou até mesmo a prostituição, mas que conseguiam produzir uma renda mínima para sustento da família”, explica Jairo dos Santos Pereira, coordenador nacional do MTST que atua na cidade.
A solidariedade é a alternativa que o MTST adota sempre em relação a todos que passam por alguma necessidade. Na tentativa de minimizar os danos causados pela pandemia e pela má administração dos governos, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, junto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Central de Movimentos Populares (CMP), Sindicatos dos Técnicos da Universidade Federal de Uberlândia e dos Trabalhadores em Educação (Sintet e Sind-UTE), Grupo de pesquisa Travessias e Programa de Educação Tutorial (ambos do departamento de Ciências Sociais da UFU) realizam ações que vão desde cozinhas comunitárias até o suporte jurídico no cadastro para o programa de auxílio emergencial do governo federal. Como o programa é de difícil entendimento e nem todos conseguem se cadastrar sozinhos, seja por falta de acesso à internet ou outro motivo, essa ajuda é mais do que fundamental neste momento tão difícil.
As cozinhas comunitárias trabalham a todo vapor para alimentar quem tem fome. Logo cedo, um grupo de pessoas, entre elas: Cida, Cidinha, Valéria, Guilherme, Manoelzinho, Lisineide e Muriel, junto com mais de 30 outros companheiros e companheiras, começam a rotina de preparação dos alimentos. As verduras, legumes e tubérculos vêm dos assentamentos do MST. As cozinheiras são das ocupações urbanas do MTST e se distribuem pelas 3 cozinhas que foram construídas em parceria com a Pastoral da Terra e a Central dos Movimentos Populares.
Mais de 1200 pessoas podem ser alimentadas por dia nas cozinhas comunitárias e que ficam localizadas nos bairros Dom Almir, Glória e na Arca (bairro Nova Uberlândia) e atendem os bairros Santa Clara, Maná, Fidel Castro, Morumbi, Bela Vista, Canaã e Irmã Dulce. Destacamos que, além de preparar refeições, os espaços se mostram como pontos de acolhimento para os envolvidos. A sensação de estar em um grupo de pessoas que se cuida e cuida os outros é confortador para quem mora sozinho, como quem mora com muitas pessoas dentro de casa, e estão sofrendo com o estresse da situação.
O psicológico de muitas pessoas tem sido afetado, ou pela solidão, ou a preocupação de estar em uma casa cheia e, portanto, um espaço de acalanto nessas horas distrai e ainda ajuda a quem precisa. É importante ressaltar que as doações chegam e são convertidas em cestas básicas e em refeições preparadas pelos colaboradores.
Enquanto o governo não faz a parte deles, estaremos unidos e cuidando uns dos outros. Levar alimento saudável e livre de agrotóxicos é o compromisso das cozinhas comunitárias do MTST, além de dignidade para o nosso povo. Juntos somos mais fortes!
>> Você também pode ajudar nessa luta ao contribuir com a campanha do Fundo Emergencial, clicando aqui.