Roda sobre amamentação reúne mães Sem-Teto e movimenta Ocupação Marielle Franco
Dezenas de mães Sem-Teto se reúniram na manhã do dia 19 de agosto, domingo, para ouvir sobre amamentação e maternidade com a Brigada de Saúde do MTST. A atividade movimentou a Ocupação Marielle Franco, na região do Grajaú, zona sul de São Paulo, e fez parte do “Agosto Dourado” — campanha que virou lei federal em 2017, tornando agosto o mês oficial do aleitamento materno, na tentativa de conscientizar sobre o alimento natural produzido pelo corpo das mães, “padrão ouro” para a saúde dos bebês. A roda de conversa ainda foi precedida por um farto café da manhã compartilhado entre crianças, mães e demais acampados.
Foram saberes, recomendações e detalhes passados, além da troca de informações e de muitas dúvidas tiradas e esclarecidas pelas militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Entre gestantes e lactantes, mães acompanhadas de suas pequenas e pequenos, recém-nascidos ou não, e mulheres já idosas, também se fizeram presentes ativistas LGBTQI da ocupação. No próximo sábado, dia 25, às 16h, será a vez da Ocupação Marielle Vive, na zona norte, receber a atividade.
Todas ouviram atentamente e puderam se desfazer de muitas informações incorretas presentes no senso comum ou reproduzidas pela indústria farmacêutica e por uma sociedade predominantemente patriarcal. “Fazer saúde é fazer resistência a um sistema machista que diz que não se pode amamentar em público; que tem artigo científico afirmando que fórmulas e alimentos sólidos podem ser introduzidos a partir dos 3 meses de idade, sendo que o que está por trás desse discurso é: mulheres, voltem ao mercado de trabalho no terceiro mês de vida do seu filho, não crie laços”, explicou Raisa Guimarães, do Setor de Saúde do MTST.
Enquanto as adultas conversavam à vontade, longe dos ouvidos e olhares masculinos, as crianças eram entretidas com pinturas e desenhos, num espaço livre e acolhedor no barracão próximo à entrada da Ocupação Marielle Franco — em terreno desde abril deste ano. Ao final da roda de conversa, estava criada uma verdadeira rede de apoio entre as mulheres Sem-Teto de diferentes idades e perfis, mães ou não. Fazer saúde é cuidar, acolher.