Denúncia assinada pelo MTST e oito movimentos faz com que ONU exija fim de despejos no Brasil na pandemia
O relator da ONU (Organização das Nações Unidas) para o direito à moradia pediu nesta semana para que o governo brasileiro acabe com todos os despejos durante a crise da Covid-19.
Não deveria ser necessário a ONU ter que recomendar que o Estado brasileiro não tome condutas que deixem o povo sem a proteção de suas moradias. Mas vivemos, infelizmente, o governo de Jair Bolsonaro e de vários governadores e prefeitos que têm deixado muitos brasileiros expostos às dificuldade da vida nas ruas e, consequentemente, ao novo coronavírus.
Denúncia assinada pelo MTST e outros oito movimentos de moradia e enviada para a ONU aponta que pelo menos duas mil famílias foram afetadas por remoção de ocupações, desde março, já durante a pandemia do novo coronavírus.
As outras instituições signatárias foram: Observatório de Remoções, União dos Movimentos de Moradia de São Paulo e Ribeirão Preto, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Associação Rural Renascer da Estação Remanso dos Pequenos Agricultores de Araras, Central de Movimentos Populares, Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) e Frente de Luta por Moradia (FLM).
Aqui, no MTST, temos vivenciado vários casos espalhados no Brasil que confirmam essa cruel realidade do nosso povo. Moradores de uma comunidade histórica de Maceió, por exemplo, sofreram ameaças de despejo, por parte da prefeitura. E, em Guaianases, zona leste de São Paulo, cerca de 900 famílias foram despejadas e desabrigadas sem qualquer planejamento habitacional por parte do governo estadual de João Doria (PSDB) para o futuro dessas pessoas
O relator especial da ONU para o direito à moradia, Balakrishnan Rajagopal, sintetiza a incoerência: “O ministério da Saúde pediu que as pessoas ficassem em casa e mantivessem distanciamento social para prevenir o contágio. Mas, ao mesmo tempo, milhares de famílias estão sendo despejadas, fazendo com que seja impossível para elas obedecer às recomendações.”
A verdade é que Bolsonaro aposta no caos social, ainda que (ou justamente porque) isso possa resultar na miséria de milhões de brasileiros. E, por isso, o que tem feito a diferença é a colaboração dos próprios trabalhadores entre si, por meio de doações, movimentos sociais, ajuda, acolhimento e muita luta, em um verdadeiro movimento de Revolução Solidária.