Moradores de ocupação em Campinas ocupam escadarias da prefeitura contra reintegração de posse
Por Ana Carolina Haddad, especial para os Jornalistas Livres –
Moradores da ocupação Mandela, localizada no Jardim Capivari em Campinas (SP), estão acampados em frente à Prefeitura Municipal contra a reintegração de posse do terreno. Eles realizaram uma passeata reivindicando o direito à moradia nesta terça-feira (21).
Uma reunião entre a prefeitura e as famílias foi realizada na segunda (20) junto à Guarda Municipal. A administração local alega que reintegração foi determinada pela Justiça em agosto do ano passado, mas que ainda não tem data definida. Já uma das coordenadoras da ocupação, Célia Maria Santos, afirma ter sido prometido para começo de março.
A assessoria da Cohab (Companhia de Habitação Popular de Campinas) também informou que as famílias vinham sendo informadas de que não poderiam permanecer no local. Além disso, só quem estiver regularmente inscrito no Cohab-Campinas e for sorteado pelos programas habitacionais, será auxiliado pela administração. Contudo, Célia afirma que os moradores estão tendo dificuldades em acessarem os benefícios. Caso a ocupação sofra reintegração de posse, diversas famílias que não têm condições de pagar aluguel, sem contar outros gastos, os moradores temem acabar na rua.
Moradores da ocupação já haviam realizado uma manifestação em 26 de janeiro, para que a prefeitura abrisse para diálogo com a comunidade. Eles representaram cerca de 600 famílias que moram no Mandela desde julho de 2016. Na época, a comissão da ocupação, junto aos vereadores Pedro Tourinho (PT), Mariana Conti (PSOL) e Gustavo Petta (PCdoB), entregou as reivindicações dos moradores à Cohab.
A ocupação chegou a sofrer uma reintegração de posse no ano passado, quando a Secretaria de Habitação de Campinas (Sehab) pressionou os proprietários do terreno, sócios da Cerâmica Argitel, a adotarem medidas judiciais, sob a justificativa de dano ambiental e parcelamento clandestino, publicado no Diário Oficial do município na época. Mesmo assim, os moradores voltaram para o terreno, inutilizado há 44 anos.
Atualmente, 35 mil famílias aguardam o direito à casa própria em Campinas.